Inaugurado há cerca de dois meses, em plena pandemia, o terminal da Raízen no porto de Itaqui, em São Luís (MA), já começou a receber navios com combustíveis, em projeto que deve ampliar a importação de diesel do país e a distribuição de produtos para o Norte e Nordeste, disseram executivos da companhia à Ag?ncia Reuters.

Com investimento de R$ 200 milhões, o novo terminal com capacidade para movimentar 1,5 bilhão de litros de combustíveis por ano, podendo armazenar até 80 milhões de litros, e está conectado a ferrovias, o que garante que a Raízen também poderá transportar etanol e biodiesel do Centro-Oeste com menores custos.
Concebido a partir do momento em que a Petrobras passou a praticar preços de mercado para derivados de petróleo no Brasil há alguns anos, o terminal promete ter eficiência para "desafiar" refinarias, mesmo após algumas delas passarem para controle privado, como indica o plano de desinvestimento da petroleira estatal.
Para o diretor de desenvolvimento de negócios e infraestrutura da Raízen, Nilton Gabardo, o mercado de combustíveis é "corrida de redução de custo", o que está na essência do projeto do terminal.
"Quando se trabalha com custos eficientes, acaba desafiando mais os refinadores. A primeira coisa é ter capacidade, aí você pode acessar as opções. O mercado brasileiro de modo geral não tem infraestrutura para bancar competição de alto nível com as refinarias, e essa capacidade da Raízen vai permitir isso", disse Gabardo.
Com o ativo, a Raízen deve ampliar concorrência para a BR Distribuidora, que tem em São Luís uma base, além de operar também em armazenagem no terminal da Tequimar, disse a empresa à Reuters. A Transpetro, subsidiária da Petrobras, também possui um terminal no porto.
A Raízen, que está entre as três maiores distribuidoras de combustíveis do Brasil, em um mercado liderado pela BR, espera atender com a unidade de Itaqui os Estados do Maranhão, Piauí, Pará, Tocantins e Mato Grosso, além de funcionar como "hub" de cargas para outros portos nos Estados das Regiões Norte e Nordeste, que poderão ser atendidos por navios menores.
Gabardo ressaltou que o novo terminal de São Luís se integra a uma malha de bases ferroviárias novas, recém-construídas pela Raízen em Porto Nacional (TO) e Marabá (PA), além das bases ferroviárias existentes em Teresina (PI) e Açailândia (MA).
Segundo a empresa, este grupo de terminais e bases de distribuição foram concebidos para serem os ativos mais eficientes da companhia a longo prazo, operando grandes composições ferroviárias conectadas pela malha ferroviária da Ferrovia Centro-Atlântica, além da Ferrovia Norte-Sul.
"Essa é a materialização da Raízen como player que acredita no diferencial de alta performance, traz resiliência para o negócio, traz opões para a gente, sejam elas da importação, cabotagem, saída do etanol (exportação), importação de etanol, biodiesel, temos falado que é um terminal flex, essa característica é bastante importante", disse o vice-presidente de logística, distribuição e energia da Raízen, Antonio Simões.
Nesse sentido, a unidade que ocupa cerca de um terço do seu terreno no porto de Itaqui, com calado mais profundo do Brasil, tem expectativa de expandir operações, com a construção de mais tanques de combustíveis, considerando que as regiões atendidas pelo "hub" estão entre aquelas com maior potencial de crescimento econômico no país. Segundo executivos, o porto de Itaqui aumentou em 7% suas movimentações este ano, impulsionados por embarques de soja, principalmente, o que mostra a força da região, muito influenciada pelo agronegócio, que foi menos afetado na pandemia de covid-19.
Para Simões, a região sob influência do terminal sempre vai precisar de diesel importado para compor o suprimento, em um país que não tem capacidade para produzir todo o combustível que consome.
(Com informações da Agência Reuters)