Estudo recente encomendado pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) revela que as mulheres que atuam nos mais diversos setores do agro demonstram potencial de liderança, gestão e empreendedorismo.
O objetivo da pesquisa "Todas as Mulheres do Agronegócio", realizada pela Ipeso, com abrangência nacional, foi traçar um retrato completo da presença feminina no setor. Para isso, 862 mulheres que trabalham em áreas situadas "antes, dentro e depois da porteira", participaram de entrevistas telefônicas no período de junho a julho de 2017.
A pesquisa mostra que "as mulheres são gestoras competentes, trabalhadoras motivadas e bastante conciliadoras, pois transitam entre o campo e a cidade com a mesma facilidade que harmonizam a carreira e a família".
O estudo também revelou que muitas exercem uma segunda atividade, demonstrando o quanto são empreendedoras. Ao mesmo tempo, as entrevistadas disseram buscar uma renda extra fora da propriedade para não abrirem mão da paixão pelo campo.
A pesquisa constatou também que as mulheres do agronegócio são resilientes e não se contentam com a posição já conquistada. Querem ir mais longe.
"A diversidade de gênero no mercado de trabalho é extremamente importante e mais eficiente. As mulheres têm posições e visões diferentes. Dessa forma, trazem inovação e ajudam no modelo de gestão", afirma Luiz Cornacchioni, diretor executivo da Abag, que reconhece a participação crescente da mulher nos últimos anos, em todos os setores da sociedade.
Posições
Dados do levantamento mostram que, em relação à posição ocupada no agronegócio, a maioria, ou seja, 59,2% das entrevistadas, é proprietária ou sócia; 30,5% são funcionárias ou colaboradoras; e 10,4% são gestoras, diretoras, gerentes, coordenadoras ou atuam em funções administrativas.
Além disso, 49,5% das entrevistadas atuam em propriedades classificadas como minifúndio, 26,1% em pequenas propriedades, 13,5% em médias e 10,9% em grandes fazendas. Por tipo de atividade, 73,1% trabalham dentro das fazendas, 13,9% nos elos da cadeia produtiva após a fazenda e 13% "antes da porteira".
Em relação ao tipo de atuação, 73% das mulheres trabalham nas atividades dentro da propriedade rural, 3,7% atuam em cooperativas, 3,4% operam na área de insumos, 3% são fornecedoras de produtos ou serviços para a cadeia do agro, 2,8% são do comércio, 2,3% estão em segmentos ligados a governos, e 2,1% trabalham em atividades nos vários segmentos da agroindústria.
Preconceito
Apesar do avanço feminino, o levantamento ainda registrou sinais de preconceito em relação à atuação das mulheres no campo - 44,2% delas sentem preconceito sutil, enquanto 30% acusam preconceito evidente.
Já um grupo maior (61,1%) disse não enfrentar nenhum problema de liderança por ser mulher. De acordo com Cornacchioni, a diminuição do preconceito em relação à presença feminina no agro "é motivada pela concepção e educação sobre igualdade de gênero".
No entanto, o diretor da Abag ressalta que a mulher precisa avançar nas posições de comando, como nos postos de diretoria, por exemplo. "Sabemos que há poucas nessa situação e isso precisa melhorar".
Trabalho e comunicação
Quanto às razões de escolha pelo trabalho na agropecuária, a pesquisa revelou que 36,2% das mulheres disseram ter optado pelo agronegócio por gostar da vida no campo, 34% afirmaram que já possuíam integrantes da família atuando na área, 15,6% já eram proprietárias ou sócias de propriedade rural, e 10,7% foram para o campo por ver na atividade uma oportunidade de trabalho.
Sobre as perspectivas e o comportamento das mulheres do campo, o levantamento constatou que elas são conectadas com a maioria das modernas ferramentas de comunicação. Entre os principais instrumentos de comunicação, 92,9% utilizam o Facebook, 95,1% o WhatsApp, 68,8% o YouTube, 54,8% o Instagram e 65,3% o Messenger.
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