Cumprindo agenda oficial de trabalho na Europa, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, busca apoio de países para que a União Europeia habilite frigoríficos para exportar seus produtos ao bloco. Ao ministro da Agricultura da Lituânia, Bronius Markauskas, Blairo Maggi pediu apoio na habilitação de frigoríficos do Tocantins, Rondônia e Distrito Federal junto à União Europeia para exportação de carne bovina.
Plantas frigoríficas do Tocantins buscam habilitação para venda de seus produtos para várias partes do mundo, inclusive União Europeia. Em junho de 2016, missão de inspeção da União Europeia esteve no Tocantins para avaliar as condições sanitárias do Estado. Porém, teria havido um atraso nas tratativas e o governo brasileiro não teria enviado à União Europeia um plano de ação, o que poderia inviabilizar as negociações.
Entretanto, em novembro passado, Blairo Maggi afirmou, com exclusividade ao Norte Agropecuário, que o governo brasileiro atenderia todas as exigências do bloco e que Tocantins atuaria nesse mercado. "O plano de ação vai ser enviado e as negociações com a UE vão avançar porque vamos atender as demandas deles", afirmou, na época, Maggi.
Negociações na Europa
Nesse domingo, 22, o ministro brasileiro tinha agendado reuniões com os ministros da Agricultura do G-20, em Berlim.
Em encontros bilaterais na Alemanha, Maggi cobrou que os países tenham uma legislação mais ampla, como a brasileira, sobre o uso dos recursos naturais. Para Maggi, é preciso que o mundo reconheça os esforços dos produtores do Brasil para garantir uma produção sustentável. "Eu mesmo também sou produtor sustentável e sigo as normas ambientais."
Na sexta-feira (20), o ministro brasileiro participou de quatro reuniões bilaterais em Berlim, nas quais defendeu interesses comerciais brasileiros. As tratativas fazem partem da estratégia de aumentar a participação do país de 6,9% para 10%, em cinco anos, no comércio agrícola mundial.
Ao vice-ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Jochen Flasbarth, Maggi disse que "muito diferentemente do que é comentado fora do Brasil, a agricultura do país tem avançado muito nos últimos anos respeitando o meio ambiente".
Citou programas do ministério, como o ABC, voltado à produção de baixo carbono, que compreende, entre outras ações, a integração lavoura-pecuária-floresta e plantio direto na palha, experiência utilizada inclusive nas plantações de soja e milho.
Os corredores ecológicos ou de biodiversidade unem fragmentos florestais ou mesmo de unidades de conservação que foram separados por interferência humana, como as estradas, a agricultura, a atividade madeireira.
Energia renovável
O ministro também destacou que 41% da energia produzida no Brasil é renovável, enquanto a média mundial é de 13,5%. "Nossos esforços precisam ser reconhecidos pelos mercados importadores." O governo brasileiro espera que esse reconhecimento se traduza em preferência de seus produtos agrícolas nas decisões de compra no exterior.
Blairo disse entender que a agricultura verde deve ser seguida por todos os países produtores, a fim de não penalizar quem produz de maneira sustentável. Lembrou que a legislação brasileira exige, por exemplo, a preservação de margens de rios, que representam de 20% a até 80% de determinadas propriedades rurais. "Os outros países devem ter leis também mais amplas sobre o uso dos recursos naturais".
O vice-ministro do Meio Ambiente alemão declarou ao ministro que seu país pretende "ter uma colaboração bem intensa com o Brasil". Maggi o convidou para uma visita e disse que faria questão de acompanhá-lo por uma viagem ao interior do país.
Codex Alimentarius
Ao diretor-geral do Ministério da Agricultura da Nova Zelândia, Martyn Dunne, Maggi salientou que são duas nações amigas com possibilidades de ampliar mercado. O presidente da Embrapa, Maurício Lopes, que integra a equipe do ministro na viagem, observou que a empresa poderia ser uma grande parceira da Nova Zelândia. "Temos coisas complementares e podemos fazer cooperação científica", assinalou Lopes.
Blairo ficou de visitar o país e pediu apoio à candidatura do coordenador de Assuntos Multilaterais do Departamento de Negociações Não Tarifárias da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio do Mapa, Guilherme Antonio da Costa Junior, à presidência da Comissão do Codex Alimentarius.
A eleição ocorrerá durante a 40ª Reunião da Comissão do Codex Alimentarius, prevista para o período de 3 a 7 de julho deste ano, em Genebra (Suíça). O Codex é formado por 187 países e é referência internacional para a solução de disputas sobre inocuidade alime ntar e proteção da saúde do consumidor.
Em reunião com o ministro da Agricultura e Pecuária do Paraguai, Juan Carlos Baruja, Maggi reforçou o interesse em ampliar a cooperação na área de tecnologia e solicitou a revogação de uma medida do país sobre bebidas, que prejudica o reconhecimento da denominação da cachaça como bebida genuinamente brasileira.
Comentários