O mercado do boi, nessa semana, mostra uma leve recuperação após uma pressão forte nos preços com os efeitos da Carne Fraca e da decisão pela constitucionalidade do Funrural. Historicamente, a pressão nas cotações já deveria estar ocorrendo em função da entrada da safra. Com os últimos acontecimentos, essa queda foi muito rápida.
De acordo com Ari Lacorte, consultor da Agroeconômica, além dessas questões que tangem o setor pecuário, a maior velocidade na queda também se deu por conta de uma demora na recuperação da economia, que caminha a passos lentos por conta de "problemas estruturais", como define o consultor.
O indicador Cepea mostra uma queda de mais de 5% dos preços dentro do mês de abril, mas a recuperação já se mostra presente, segundo Lacorte. Em 5 de abril de 2017, a cotação para o boi gordo estava em R$133,98/@. Ontem, a comercialização já estava em R$136,60/@. O que aconteceu, para o consultor, foi que o período agudo da operação Carne Fraca manteve o mercado parado e, agora, as negociações recomeçam. Deve haver uma recuperação modesta, mas não muito alta ainda.
Lacorte indica que não há movimentos no mercado que possam indicar uma recuperação rápida para a arroba do boi. Os frigoríficos entrarão para as compras novamente, mas isso precisa ser analisado em um ponto de vista a longo prazo. No entanto, "o pior momento já passou", na visão do consultor, já que todos os envolvidos na cadeia demonstraram certa "responsabilidade" frente aos desdobramentos causados pela Carne Fraca. Os consumidores internacionais reabriram rapidamente o mercado para a carne brasileira, reconhecendo a necessidade deste produto - com isso, a demanda deve continuar crescendo.
Para o segundo semestre, ele visualiza uma recuperação consistente no mercado interno, que representa 80% da demanda pela carne. Os 22% da exportação também devem se recuperar, juntamente com uma modesta recuperação da arroba do boi gordo. Para Lacorte, pode ser que no final do ano a demanda fique bem superior à oferta.
Ele lembra que a posição dos frigoríficos de cautela quanto aos negócios "vai muito do uso da informação", mas que falta "diplomacia e entendimento técnico" por falta dos agentes para compreender como a cadeia se processa: "pode haver um exagero na forma de comunicar isso ao mercado".