Área de plantio de soja, totalmente inundada

No Tocantins, os trabalhos de colheita da soja já registram um atraso de mais de 10 dias devido ao excesso de chuvas. Com apenas 4% da área cultivada colhida até o momento, os produtores já ressaltam algumas perdas pontuais com grãos avariados. O Oeste do estado apresenta a situação mais grave, principalmente nas regiões de Lagoa da Confusão, Marianópolis e Caseara.
"Temos soja avariada, muita umidade e filas em secadores, problemas rotineiros aos produtores. Mas o que nos assola é o baixo percentual colhido até o momento e as chuvas ainda previstas para os próximos dias. Cenário que pode agravar as perdas aos agricultores", explica Maurício Buffon, presidente da Aprosoja TO.
A liderança ainda reforça que o seguro das lavouras é pouco utilizado pelos produtores rurais no estado. "Algumas áreas são financiadas nos bancos, então temos um seguro obrigatório. Porém, não é a nossa realidade", completa.

Estradas
As chuvas excessivas também comprometeram as estradas no estado, o que gera preocupações no escoamento da safra nesta temporada. "Tivemos na semana anterior a abertura oficial da colheita da soja no estado. E a recuperação das estradas foi um dos nossos pedidos ao Governador", diz Buffon.
Outro fator que deixou os produtores apreensivos foi a decisão do governo do Tocantins em cobrar 12% de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para o frete de grãos no estado. A medida foi suspensa após críticas do setor produtivo.
Comercialização
Diante dos preços mais baixos, os produtores fizeram poucos negócios antecipados com a soja nesta temporada, assim como em outras regiões produtoras. Atualmente, a saca da soja é cotada entre R$ 63,00 a R$ 64,00 no estado, preço aquém do necessário ao agricultor, ainda na visão do presidente da Aprosoja TO.
"Precisamos de valores a partir de R$ 65,00 a R$ 70,00 a saca para ter um faturamento. Os atuais patamares não são suficientes para saldar as contas dos produtores", destaca Buffon.

Milho safrinha
Diante do atraso no início do plantio da soja e agora na colheita, a janela ideal de cultivo do milho safrinha foi comprometida no estado. Os produtores deveriam semear o cereal até o próximo dia 25 de fevereiro.
"Com isso, a perspectiva é que haja uma redução na área cultivada com o milho e também nos investimentos em tecnologia. O recuo na área deve ficar entre 15% a 20% no estado", finaliza a liderança.