A deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS), 64 anos, será a primeira mulher ministra do governo Jair Bolsonaro

O presidente eleito a anunciou em sua rede social como ministra da Agricultura. Neste ano, Tereza Cristina foi uma das lideranças que defenderam a aprovação do Projeto de Lei 6.299, que flexibiliza as regras para fiscalização e aplicação de agrotóxicos no país. Natural de Campo Grande (MS) é formada em engenharia agronômica pela Universidade Federal de Viçosa (MG). Foi secretária estadual de Desenvolvimento Agrário até 2014. Como deputada federal ocupou como gerente-executiva quatro secretarias: Planejamento, Agricultura, Indústria, Comércio e Turismo. No ano passado liderou bancada do PSB na Câmara dos Deputados, mas, após divergências com a cúpula do partido, rompeu com a sigla e ingressou no Democratas.

A visão da ministra
"Já produzimos suficiente para o nosso país com segurança, alimentos de qualidade, respeitando as regras. Temos um bom parque industrial, da agroindústria brasileira, e agora precisamos ver para onde podemos exportar e quais são os gargalos." Essa é só uma das várias declarações dadas por Tereza Cristina em uma entrevista coletiva nessa quinta-feira (8), em Brasília.
Segundo a deputada, o Ministério da Agricultura deve se concentrar na produção sustentável e na redução do que chama de "indústria de multas".
"Acabar com a indústria das multas, ter normas claras, ter um ambiente de negócios mais favorável. É o que o Brasil precisa para receber empreendimentos tanto externos quanto internos. Licenças serem mais ágeis não quer dizer perder segurança. Alguns processos precisam ser modernizados", acrescentou.
Outra preocupação é o nome que será anunciado para assumir o Ministério das Relações Exteriores. "É muito importante este ministério andar junto com a Agricultura principalmente para [enfrentar] estes problemas externos que a gente pode ter, dependendo da condução política."
Questionada sobre a possibilidade de transferência da Embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém e o eventual impacto no mercado de carne, afirmou que precisa conversar com o presidente eleito sobre o tema. Segundo ela, recebeu telefonemas de empresários brasileiros, ligados ao setor, preocupados com ameaças de prejuízos.
Quando o assunto é seu envolvimento com a JBS Tereza Cristina confirma ter sido citada na lista de doações da empresa, mas de forma indireta. A deputada diz que está tranquila. "Eu não tive doação da JBS direto para mim. Foi uma doação via dois parlamentares do meu estado e como eu era deputada federal deram. Tenho tranquilidade, as doações foram legais e estão lá na minha declaração.", concluiu.

O que pensa o setor sobre a escolha para o Ministério da Agricultura?
A escolha de Tereza Cristina como ministra foi elogiada por diversas entidades do agronegócio. Instituições se mostram confiantes em uma estratégia de fortalecimento do mercado nacional. A Sociedade Rural Brasileira (SRB), por exemplo, chegou a se manifestar publicamente para parabenizar Jair Bolsonaro por sua escolha.
"Certamente, no ministério poderá seguir os trabalhos iniciados pela FPA, principalmente em relação às necessárias reformas no âmbito da defesa sanitária, política agrícola e comércio internacional. Com amplo apoio no setor, o próximo governo ganhou um excelente quadro para construção das reformas necessárias ao Brasil", declarou a SRB.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) seguiu a mesma linha, em nota à imprensa ressaltou a atuação de Tereza Cristina na defesa dos produtores rurais brasileiros e declarou apoio total a futura titular da pasta. "A CNA se coloca à disposição para construir uma agenda conjunta para o desenvolvimento da agropecuária e do País.", concluiu a declaração do órgão.
"Uma excelente escolha do presidente eleito Jair Bolsonaro", essa foi a declaração da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA). Em nota Antonio Alvarenga, presidente da SNA, disse Tereza Cristina reúne conhecimento técnico, experiência empresarial e traquejo político.
"É uma pessoa muito cordial e sensível mas, ao mesmo tempo, firme em suas posições. A classe rural está de parabéns! Teremos uma excelente representante na Esplanada dos Ministérios", comemorou o presidente da Sociedade.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) aplaudiu Tereza. O presidente da ABPA, Francisco Turra, exaltou a indicação da presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e declarou: "A deputada Tereza Cristina tem conhecimento técnico e respaldo político para assumir o cargo. É uma liderança fundamental para o setor produtivo nacional, com trabalho inquestionável à frente da FPA. Estamos bastante confiantes, pois ela conhece o setor de proteína animal como poucos, e sabe claramente das dificuldades e oportunidades que temos pela frente", analisa Turra.
Reação replicada pela ABIOVE (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais). O presidente-executivo da ABIOVE, André Nassar, Tereza Cristina é uma "parlamentar de grande confiança, combina visão política e técnica".