Estudo feito recentemente mostrou que a cultivar de arroz BRS Catiana alcançou lucratividade de 57% no Estado do Tocantins. Ou seja, a cada R$ 1,00 investido, foi possível obter um lucro de R$ 0,57. Desenvolvida pela Embrapa, a cultivar é adaptada a diferentes regiões do Brasil e, no Tocantins, foi lançada em 2016 durante o principal evento agropecuário da região, a Agrotins. O estado é, atualmente, o terceiro maior produtor brasileiro de arroz irrigado. Nos últimos anos, a Embrapa vem buscando desenvolver cultivares específicas para essa região produtora.
O pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão Daniel Fragoso explica que a expressiva lucratividade alcançada na safra 2015/2016 pode ser atribuída à redução na aplicação de fungicidas. "No Tocantins, encontramos condições favoráveis (temperatura e umidade do ar) a ataques com severidade de alguns fungos causadores de doenças nas plantas de arroz, em especial o da brusone, considerada a principal doença do arroz nas regiões produtoras desse cereal no estado", esclarece o pesquisador, que atua no Núcleo de Sistemas Agrícolas da Embrapa Pesca e Aquicultura, em Palmas, capital tocantinense. "Hoje, em média, chega-se a realizar dez aplicações de fungicidas para o controle da doença. Com a BRS Catiana, desenvolvida e selecionada para tolerância às diversas raças do fungo, é possível reduzir de dez para três aplicações", relata.
Ganhos financeiros e ambientais
Menos aplicações, menos custos de produção. Além da conta financeira, há o ganho ambiental, já que menos defensivos são utilizados e, portanto, menos impactos são causados durante a produção. Os ganhos financeiros ficaram bem evidentes na última safra na propriedade de Josnei Spinardi, em Lagoa da Confusão, oeste tocantinense. Ele plantou 924 hectares com cultivares de arroz da Embrapa, sendo 643 hectares de BRS Tropical e 281 hectares de Catiana. Além disso, investiu em 2.030 hectares de arroz de outra instituição. Os resultados efetivos de produtividade (em sacos de 60 kg) chamam a atenção: a média da Tropical foi de 120,9 sacos por hectare, a da outra instituição foi de 126 sacos por hectare, e a da Catiana chegou a 158 sacos por hectare.
"Quanto à qualidade de grãos, foi o melhor material que já produzimos na fazenda", declara o produtor, referindo-se à BRS Catiana. Ele ressalta que a cultivar apresenta vantagens também no manejo de doenças. De acordo com Spinardi, foram feitas apenas duas aplicações de fungicida no estágio vegetativo e três no estágio reprodutivo. "Em relação à lucratividade, um material em que se fazem cinco aplicações a menos e produz 32 sacos a mais mostra um grande potencial", comemora.
Tendência de aumento
Marcelo Moraes, da empresa Evidência Agrícola, representante da Sementes Simão, licenciada da Embrapa para a comercialização da BRS Catiana no Tocantins, considera pequeno o volume comercializado de sementes de arroz da Embrapa na última safra. Porém, ele acredita que a situação deve mudar agora e a expectativa é de aumento nas vendas para a safra 2017/2018.
"Deve aumentar muito [a venda], porém não temos ideia de quanto, mas [as sementes de arroz da Embrapa] já são as mais procuradas", conta. Moraes classifica como excelente a receptividade dos produtores às cultivares de arroz BRS.
Um aumento de área plantada com a nova cultivar deve acontecer na propriedade de Spinardi. Para a próxima safra, ele está programando plantar 4.500 hectares de arroz. Desses, metade será da BRS Catiana e 25% da BRS Tropical. (Clenio Araújo - MTb 6279/MG / Embrapa Pesca e Aquicultura)
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