As contratações somaram praticamente R$ 50,3 bilhões nos últimos 12 meses

A recente alteração na política de crédito rural para a pecuária, que passou a enquadrar as operações de aquisição de animais para recria e engorda como custeio e não mais como investimento, acentuou uma tendência que já vinha se desenhando nos ciclos mais recentes, definida por um aumento na participação do custeio e também da comercialização na divisão dos recursos para o setor.
O volume total de recursos contratados pela pecuária, no entanto, vem caindo desde o ano safra passado, ressaltando uma característica histórica da atividade.
A fatia do crédito pecuário no crédito rural, segundo dados do Banco Central (BC), chegou a alcançar 35,8% no acumulado entre julho de 2014 e junho de 2015, recuando no ciclo seguinte para pouco menos de 30,3%, mais próximo dos 31,7% registrados na safra 2013/14. No ciclo passado, encerrado em junho deste ano, as contratações somaram praticamente R$ 50,3 bilhões, numa queda de 10% frente aos R$ 55,9 bilhões liberados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Nos primeiros quatro meses da safra em curso, entre julho e outubro deste ano, de acordo com a base de dados do BC, os pecuaristas tomaram R$ 14,25 bilhões em empréstimos e financiamentos, num recuo nominal de 1,48% em relação a idêntico intervalo de 2015, quando haviam sido contratados pouco menos do que R$ 14,5 bilhões.
A maior queda, no entanto, concentrou-se no crédito para investimentos, que desabou 25,4% na mesma comparação, encolhendo de R$ 5,39 bilhões para R$ 4,02 bilhões. Os recursos para custeio e comercialização de animais, ao contrário, experimentaram altas, pela ordem, de 8,7% e de 36,5%, alcançando R$ 8,42 bilhões e R$ 1,81 bilhão. Na divisão dos recursos, as operações de custeio levaram 59,1% do total, frente a 28,2% para os investimentos e 12,7% na comercialização.
A mudança nos critérios de enquadramento das operações deve facilitar as contratações. A alteração deverá permitir, adicionalmente, um enquadramento mais adequado de outros itens dentro da carteira de investimentos, aproximando-se do que se tem planejado para esta área na pecuária, segundo o coordenador de pecuária da Agroconsult, Maurício Palma Nogueira. Mas outro dado de desconforto para a pecuária diz respeito à escassez de crédito percebida pela pecuária bovina desde o ano passado. "Houve uma ampliação do portfólio do crédito, com a criação do ABC (Programa Agricultura de Baixo Carbono), o que foi positivo. Mas o volume de recursos liberado tem sido muito baixo". (Do Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint)