Ricardo de Andrade *
Investimento no perfil de solo, escolha adequada das variedades específicas para cada tipo de região, estimulação de sementes e correta nutrição de plantas são algumas ações que podem auxiliar na elevação do rendimento de uma lavoura de soja.
Sabemos hoje da importância de se ter um perfil de solo corrigido, com uma dinâmica de nutrientes que estejam adequadas a sistemas de alta produção. A adição do complexo microbiológico e da matéria orgânica no solo é algo excepcional para alcançar esses grandes tetos de produção. Ou seja, se falo em aumento de produtividade, automaticamente tenho que elevar a matéria orgânica disponível.
Após esse processo de correção, é dado início de fato a implantação da cultura. Nesse momento, o agricultor tem que ter cuidado na escolha do material genético que melhor se adapta a sua região e que está mais condicionado a responder as suas condições locais de solo, de fertilidade e de clima.
Por exemplo: tenho um material com alto teto produtivo, porém a área em que o coloco não disponibiliza todo o nutriente que ele precisa para responder bem. Então, embora eu esteja com um material adaptado para a região, ele está sendo colocado em um local que não vai haver resposta.
Outro exemplo está nos materiais que são mais tolerantes a situações estressantes, como escassez hídrica ou grandes chuvas durante a colheita, e que respondem melhor em produtividade nessas condições. Portanto, o produtor deve estar atento ao tipo de material genético. Escolha, faça testes na propriedade e passe a usá-lo a partir do momento em que se adaptar a sua propriedade.
Ok, material escolhido, e o próximo passo é definir o tratamento e a estimulação de sementes que visa melhorar a condição de estabelecimento da mesma para que ela possa emergir com alto vigor. O agricultor e sua equipe técnica devem trabalhar com a inoculação, fonte de nitrogênio praticamente gratuita dentro do sistema; e com os enraizantes, produtos que estimulam a divisão celular, o complexo de fixação de nitrogênio e o desenvolvimento da planta na parte área de forma mais vigorosa. Outro ponto importante é atrelar o biológico ao químico. É preciso melhorar a eficiência de fungicidas e inseticidas, além de conferir dinâmica e sustentabilidade ao sistema.
Passada a fase emergencial, entramos na parte vegetativa da planta, em que pode acontecer diversas intempéries e o produtor deve ficar atento. Vale lembrar que mesmo após a implantação da lavoura, ainda existem cuidados para manter o potencial produtivo, pois os principais gargalos hoje são fitossanitários e nutricionais.
Dentro dos fitossanitários, as pragas têm sido recorrentes no país. Ainda temos a presença de muitas doenças graves como a mancha-alvo ou a ferrugem, por exemplo. Fungicidas com amplo espectro e com a capacidade de controle de ferrugem são essenciais ao sistema e vão reduzir ao máximo as perdas causadas pelas doenças.
Mas, observamos no campo que o que tem mais respondido ao aumento da produção é a correta nutrição mineral de plantas. Saímos do manejo de aplicação nutrição foliar baseada só em corretores para produtos que também trabalham a fisiologia da planta como veículo de altas produtividades. Isso passa pelo uso de volumes corretos de nutrição e utilização de aminoácidos para melhorar a condição de uso da água da planta, sua capacidade de se resfriar e de tolerar melhor o estresse.
É preciso manter a planta nutrida e proteger as estruturas. Por exemplo: a folha tem que ser fotosinteticamente ativa o máximo possível e a planta precisa estar reproduzindo. Tem que garantir a máxima divisão celular nas vagens e nos grãos para atingir grãos pesados e vagens com o máximo de grãos possíveis. Dependemos da nutrição sequenciada. Não basta em sojas de alto potencial produtivo, depositar a esperança do potencial da planta simplesmente no que foi colocado no solo; precisamos estimulá-la a assimilar o que foi ao solo e utilizar melhor esses nutrientes em sua parte área, um grande desafio do fitotecnista da atualidade.
Feito tudo isso, será atingido excelentes resultados. Na medida em que as safras se avançam, o produtor se especializa, as pesquisas chegam ao campo e a transferência de tecnologia vem por meio de novos produtos e novas variedades. Fazendo essa mescla de conhecimento e implantando as ações em sua propriedade, o agricultor tem como limitação de produção apenas os próprios limites da capacidade do sistema e a interação com o ambiente.
O importante é que enquanto conseguirmos aumentar essa produtividade, quebramos tetos e paradigmas e vamos provando que uma agricultura mais eficiente torna-se também mais produtiva e economicamente viável.
(* É engenheiro agrônomo, mestre e doutor em Fitotecnia e coordenador de desenvolvimento da Fertiláqua no MATOPIBA)
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