O Brasil vai pedir que a Argentina aceite incluir o açúcar no acordo do Mercosul, para que o produto possa fazer parte das negociações entre o bloco econômico sul-americano e a União Europeia, disse nessa segunda-feira o ministro da Agricultura do Brasil, Blairo Maggi.
O assunto esteve na pauta do encontro realizado ontem em Brasília entre o presidente brasileiro, Michel Temer, e o argentino, Mauricio Macri.
Segundo Maggi, até o momento o açúcar não está presente no acordo do Mercosul, que busca eliminar barreiras comerciais entre os países membros, porque argentinos temem uma avalanche de açúcar barato na Argentina, prejudicando a produção local.
"Nós demos garantias a eles que não vamos invadir o mercado argentino", afirmou Maggi a jornalistas, após um evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O ministro disse que a inclusão na lista de produtos do Mercosul é essencial para que o açúcar possa ser incluído nas discussões em andamento de um acordo bilateral entre Mercosul e União Europeia.
Desde o surgimento do Mercosul, em 1991, as negociações do setor açucareiro estão de fora da integração econômica e tarifária do bloco, ficando o açúcar como uma exceção ao livre comércio dentro do bloco.
O presidente do Centro Açucareiro, uma associação de empresas do setor na Argentina, Enrique Nogues, não ouviu falar sobre nenhum acordo para a inclusão, mas opõe-se à ideia.
"Pode ser que os funcionários brasileiros façam um pedido, mas estimamos que não haverá nenhuma mudança", afirmou o executivo, destacando que qualquer alteração de regras teria que ser aprovada pelo parlamento argentino.
Uma fonte do ministério de Agricultura da Argentina disse à Reuters que "não há nada firme" sobre a inclusão do açúcar no acordo do Mercosul.
"O tema do açúcar é de interesse do Brasil, que pode ser solicitado por equipes técnicas, mas não se avançou neste sentido", disse.
O Brasil é o maior produtor e exportador de açúcar, com vendas externas da ordem de 27 milhões de toneladas, segundo o USDA. Já a Argentina é o décimo maior exportador global, com 550 mil toneladas na temporada 2016/17. (Gustavo Bonato; Reportagem adicional de Luc Cohen e Eliana Raszewski, em Buenos Aires)
Publicado em Agronegócios na Edição Nº 15817
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